Estou
de plantão e vejo, compadecido, um doente terminal de câncer de laringe
provocado por cigarro morrer lentamente. No momento, só me resta
escrever:
FUMO
A humana espécie ao nascer
Traz consigo um destino declarado:
Tem certeza que um dia irá morrer,
Mas do quê, nem do quando é avisado.
O fumante, acuado, em si se vê
Na potente tragédia do atestado,
E fingindo o momento e o porquê,
Não dá conta, apesar de avisado.
O enfarte, o câncer e o enfisema
Vão sugar a pintura e o poema
De um vasto passado humanizado;
E no quadro macabro dessas telas
Só se esquiva expirar de tais mazelas
Se, precoce, morrer atropelado.
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