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Reflexão

sábado, 9 de fevereiro de 2013

FUMO.

Estou de plantão e vejo, compadecido, um doente terminal de câncer de laringe provocado por cigarro morrer lentamente. No momento, só me resta escrever:

FUMO

A humana espécie ao nascer
Traz consigo um destino declarado:
Tem certeza que um dia irá morrer,
Mas do quê, nem do quando é avisado.

O fumante, acuado, em si se vê
Na potente tragédia do atestado,
E fingindo o momento e o porquê,
Não dá conta, apesar de avisado.

O enfarte, o câncer e o enfisema
Vão sugar a pintura e o poema
De um vasto passado humanizado;

E no quadro macabro dessas telas
Só se esquiva expirar de tais mazelas
Se, precoce, morrer atropelado.

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