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Reflexão

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AMOR ANTIGO



    O amor antigo vive de si mesmo,
    não de cultivo alheio ou de presença.
    Nada exige nem pede. Nada espera,
    mas do destino vão nega a sentença.

    O amor antigo tem raízes fundas,
    feitas de sofrimento e de beleza.
    Por aquelas mergulha no infinito,
    e por estas suplanta a natureza.

    Se em toda parte o tempo desmorona
    aquilo que foi grande e deslumbrante,
    o antigo amor, porém, nunca fenece
    e a cada dia surge mais amante.

    Mais ardente, mais pobre de esperança.
    Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
    e resplandece no seu canto obscuro,
    tanto mais velho quanto mais amor.

    Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

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