OCORRÊNCIAS E FATOS
FURTIVAS SERENATAS
João Bitu
Em
minha mocidade arrisquei bastante a vida. Em Várzea Alegre por considerar tudo muito
tranqüilo, sem maiores riscos de imprevistos como assaltos, armadilhas e fatalidades outras como ocorre atualmente em
todas as partes em que habitamos e ainda, impulsionado pela fragilidade
evidente na cabeça em se tratando de juízo,
costumava eu fazer noitadas as
mais loucas ao lado de companheiros
igualmente pouco receosos.
Com
o passar dos tempos fui amadurecendo, utilizando melhor a cabeça em seu devido
lugar e adotando procedimentos mais dignos à vida numa cidade tão maravilhosa
como Várzea Alegre, berço de gente bem, homens de valor e de alta expressão
social, política e empresarial.
Busquei
atentar mais para os estudos. Em 1951 fiz o curso de admissão ao Ginásio no
Colégio Diocesano de Crato, uma prova relativamente difícil levando em conta o
fato de haver estudado em mais de uma escola onde a maneira de aprender a ler e
escrever as lições, diferia uma da outra, na medida em que mudavam os professores e de certo
modo a forma de ensinar, contudo, logrei
pleno êxito e no ano seguinte iniciei o ciclo ginasial, confesso que até aí
correu tudo bem, sempre obtive notas muito boas e não sofri quaisquer
dificuldades de assimilação. O aproveitamento foi louvável a exemplo do curso
primário nas escolas de menor porte.
Naquela
época, entretanto, despertou em mim um ardente desejo de repassar aquelas
músicas românticas que eram tocadas na Amplificadora “A VOZ DE VÃRZEA ALEGRE”
sob a apresentação de Walquirio Correia aos corações apaixonados, em forma de
serestas a cargo de uma equipe de seresteiros por mim formada. Tínhamos
clarinete, violão, pandeiro e um cantor boêmio escolhido na cidade. Contando
com a conivência de um de meus irmãos, fugia do casarão quando todos já dormiam e realizávamos a
serenata obedecendo um itinerário previamente estabelecido. Iniciávamos na
Pracinha Nova ( hoje Praça dos Motoristas( ), em seguida parte da Getúlio Vargas, tomávamos de volta a Rua Major Joaquim Alves, Praça Santo
Antonio, em fim para concluir, ficávamos
em frente a Igreja de São Raimundo, exatamente no Cruzeiro onde fazíamos uma
pausa para que eu me recolhesse ao leito com o espaço de tempo necessário a que
me acomodasse seguramente, sempre com a
ajuda do citado irmão que me aguardava de olhos bem abertos e atento a qualquer
imprevisto. Só então tudo recomeçava tranquilamente com os demais participantes
da aventura. A estas alturas, vez outra, uma terceira pessoa de casa ao despertar com os lindos
sons, indagava inocentemente ao meu ouvido: “João está ouvindo?”
Assim
era, tudo aconteceu sempre na mais perfeita harmonia, até hoje não entendo como tudo sucedeu sem o menor incidente. O
segredo das arriscadas aventuras foi sempre mantido e guardado
convenientemente.
Agradeço
a DEUS e peço perdão por tais aventuras, que hoje chamo inomináveis loucuras,
cometidas impensadamente.
Aqueles
companheiros de noitadas hoje estão em outro plano de vida, também eles foram
contemplados com a sorte de não terem sido desmascarados.
Tudo
passa!
João
Bitu
IMPOSSÍVEL ESQUECER
EU SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA
Carlos Galhardo
IMPOSSÍVEL ESQUECER
EU SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA
Carlos Galhardo
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