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Reflexão

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O MENDIGO - Por Vicente Almeida


Em uma cidade distante, um jovem barbeiro aparentando uns trinta anos de idade, costumava abrir a porta da sua barbearia e lá se deparar com um mendigo.

Aquilo virou rotina, todo dia lá estava ele, cabeludo, barba grande, e usando um terno envelhecido e roto. Portava uma bengala que não parecia necessitar. Aparentava ser um homem de 80 anos.

Penalizado, o barbeiro resolveu aliviá-lo daquele estado e um dia, convidou o mendigo a sentar-se em sua cadeira.

Cortou seu cabelo, fez a sua barba, perfumou-o e apareceu um jovem de idade não superior a 25 anos, e de belas feições.

Talvez por respeito, o barbeiro não lhe perguntou o que o levou aquela situação nem procurou saber seu nome, e ainda lhe deu algumas moedas e uma velha roupa dizendo, "Isto é para você dar novo rumo a sua vida." E esqueceu completamente o episódio, por que no dia seguinte, não viu mais o mendigo em sua porta.

O Barbeiro continuou a vida. Passaram-se os anos, dez, vinte, trinta, quarenta anos e nunca mais se ouviu falar do mendigo.

Após quarenta e cinco anos, o barbeiro recebeu uma notificação para comparecer diante de um juiz em data e dia ali especificados.

E lá foi ele, tremendo de medo, passando pela sua cabeça um turbilhão de interrogações! Meu Deus, o que fiz? Sempre fui correto, nunca enganei ninguém, só ajudei. Por que agora aos setenta e cinco anos, um juiz me intima?

Chegando ao tribunal, trêmulo e apreensivo, apresentou-se ao Juiz que o havia notificado e o Sr. Juiz o interrogou: - O Senhor é fulano de tal, barbeiro há quarenta e cinco anos na rua tal, numero tal? - Sim Senhor Juiz, sou eu.

E tremendo perguntou: de que me acusam? Não me lembro de haver feito mal a alguém em toda a minha vida!

O Juiz observando seu olhar sereno mas, apreensivo, exclamou:

- De nada o acusam meu bom homem, mas, aqui há um testamento de um senhor muito rico falecido em um lugar distante, que o indicou como seu herdeiro, e o senhor receberá o equivalente a cinqüenta por cento da sua fortuna.

Após concluir a partilha o Juiz exclamou: Há uma coisa neste testamento que me intriga, não entendi, disse o Juiz: Aqui está escrito, que se o Senhor não mais existisse, localizasse a sua família e entregasse essa fortuna, mas, se o Sr. se apresentasse, ele pediu aqui para informá-lo que: "Seu conselho o salvou, e deu novo rumo a sua vida, e as suas moedas se multiplicaram aos milhões, pede tambem para lhe dizer que foi muito feliz e nunca o esqueceu."

Ao ouvir a interrogação do Juiz, o Barbeiro sorriu, lágrimas quentes desceram sobre sua face, e silencioso deixou aquele tribunal, compreendendo que somente palavras impregnadas de amor são capazes de transformar alguém.

Escrito por Vicente Almeida
25/06/2012

2 comentários:

  1. Vicente:
    Quão grande foi minha alegria em ver na página do meu blog uma postagem sua. E, como sempre, você filosofa registrando fatos que me deixa a pensar o que comentar diante de um tema que os meus brilham e a mente vai ao fundo fazendo uma reflexão diante dessa alma admirável,de uma sabedoria transbordante de atos louvável! Esse barbeiro após alguns dias resolveu fazer seu apostolado com atitude que, apesar de não letrado, se manifestou diante de um mendigo sem fazer julgamento negativo. Estava diante de um ser humano, digno de caridade.E para mim, classifico o barbeiro como um anjo privilegiado neste reino abençoado.

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  2. ... que os meus olhos brilham.... desculpe a falha.

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